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Sapato Sujo na Soleira da Porta

Sapato Sujo na Soleira da Porta foi concebido a partir de processos continuados junto a albergues para pessoas em situação de rua. No seu primeiro ano de criação, em 2007, no SAMIM (Serviço de Atendimento ao Migrante, Itinerante e Mendicante), um albergue misto, na cidade de Campinas, sediado em uma estação de trem desativada. E em seu segundo ano de criação, em 2008, em dois albergues masculinos da Associação Rede Rua - o Núcleo Santo Dias e a Pousada da Esperança -, nas imediações do Largo 13 de Maio em Santo Amaro. O espetáculo, em ambos os casos, ocorria no próprio espaço dos albergues.

Em seu primeiro ano, o Trecho se dedicou à investigação das situações sociais e corporais derivadas do ser estranho a algum lugar, dado que o albergue não é verdadeiramente um lar para nenhum de seus habitantes, além da coincidência da instituição ser uma antiga estação de trem. O nome do grupo nasceu desse contexto, na medida em que levar a vida “no trecho” é uma expressão que determina uma vida nômade, sempre no percurso, no trecho de estrada. Também para aprofundar-se no tema, realizaram-se uma série de performances, as “figuras entre a ficção e a realidade”, na qual os integrantes do Trecho vestiam-se com roupas reconhecíveis, mas retiradas de seus contextos normalmente aceitáveis - estrangeiras aos seus espaços de aceitação -, uma noiva, um mergulhador, uma miss, uma estátua viva. Ao final elencaram-se contos do Mia Couto para a concepção dramatúrgica.

No segundo ano, radicalizou-se o vínculo com os contextos dos albergues e seus moradores, a partir de um processo artístico-pedagógico de um ano de duração, incluindo os moradores no elenco do espetáculo, através de inúmeras e variadas versões dramatúrgicas de acordo com a adesão espontânea dos alunos nas apresentações. Chegaram a incluir o elenco: Bruno Costa Machado, Marcelo Julio Bueno, Paulo Henrique Graça e Valternei de Jesus.

Sapato Sujo na Soleira da Porta
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